Descartes

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DESCARTES (René), filósofo, matemático e cientista francês (La Haye, Touraine [hoje Descartes], 1596 - Estocolmo, 1650). Muitos filósofos consideram-no o pai da filosofia moderna. A ênfase de Descartes no uso da razão como principal instrumento da investigação filosófica teve mais tarde grande influência sobre a filosofia, a matemática e a ciência. Seu sistema tornou-se conhecido como filosofia cartesiana.

Vida. Descartes foi educado num colégio jesuíta. Serviu nos exércitos de dois nobres e fez várias viagens. O dinheiro de uma herança e de benfeitores permitiu-lhe devotar a maior parte de sua vida ao estudo. De 1628 a 1649, Descartes levou uma vida tranqüila e estudiosa nos Países Baixos, escrevendo a maioria de suas obras filosóficas. Como militar, percorreu grande parte da Europa. Em 1629, chegou à Holanda, onde viveu durante vinte anos, tendo, nesse período, feito uma viagem à Dinamarca e três à França. No final de 1649, aceitou um convite da rainha Cristina para visitar a Suécia. Lá, ficou doente e morreu, em fevereiro de 1650.

Filosofia. Descartes queria encontrar a verdade apenas através do uso da razão. Buscava o conhecimento partindo de uma proposição que poderia ser estabelecida pela razão e que ninguém poderia pôr em dúvida. Esperava, então, passar sistematicamente desta primeira posição para outras.

A proposição básica de Descartes era: "Penso, logo existo". Cada vez que alguém pensa, está consciente de seu pensamento e, portanto, de sua existência como um ser pensante. Partindo deste princípio, Descartes chegou a uma prova da existência de Deus e do mundo físico.

Descartes acreditava que o mundo consistia de dois tipos de substância: a substância pensante, espírito, e a substância extensa, matéria. Debateu-se com o problema de como o espírito e a matéria se conjugavam e decidiu que isto ocorria na glândula pineal do cérebro.

Segundo Descartes, o mundo físico era apenas um conjunto de substâncias extensas, microscópicas e sem cor. O espírito humano interpretava o mundo como o conjunto de objetos físicos, coloridos e visíveis do qual as pessoas se dão conta na vida cotidiana. O mundo físico estava sujeito às leis da ciência, e os acontecimentos podiam ser previstos e explicados cientificamente. Mas Descartes afirmava que esta concepção não se aplicava ao espírito. Tentava assim manter intacta a doutrina do livre-arbítrio e reconciliar a ciência com a religião.

Descartes chamava de idéias as interpretações feitas pelo espírito. Acreditava haver dois tipos de idéias verdadeiras, as claras e as distintas. Uma idéia clara podia ser distinguida das outras idéias. Uma idéia distinta tinha partes que podiam ser distinguidas uma das outras. A principal tarefa da filosofia era analisar idéias complexas, decompondo-as em idéias mais simples, sempre em busca de idéias claras e distintas. Descartes acreditava que as únicas idéias que podiam ser perfeitamente claras e distintas originavam-se no espírito. As idéias que resultavam da experiência de vida no mundo físico não podiam se tornar tão claras. Descartes não acreditava que a idéia de Deus se originasse no espírito ou resultasse da consciência humana do mundo físico. Afirmava que, como a idéia de Deus era uma idéia perfeita, só podia ter sido colocada no espírito humano pelo próprio Deus perfeito. Para Descartes, isto provava a existência de Deus.

Sua obra filosófica mais famosa é o Discurso sobre o método para bem conduzir sua razão e procurar a verdade nas ciências. Outros trabalhos importantes são Regras para a direção do espírito e Meditações metafísicas.

©2002 Enciclopédia Koogan-Houaiss Digital

 

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